A título de esclarecimento sobre o tema, usarei neste artigo Apóstolos para me referir aos chamados diretamente por Jesus, e “apóstolos”, aos que surgiram na época dos primeiros cristãos e após a morte dos Apóstolos de Cristo.
É fato que nas últimas décadas vimos uma grande quantidade de “apóstolos” surgirem no meio pentecostal e neopentecostal, no protestantismo etc, e não somente nestes meios, mas também na igreja católica com os chamados “pais apostólicos” e mais recentemente na comunidade gay com a “consagração de Lana Holder e sua companheira ao apostolado” em Junho de 2024.
Será que em algum momento você já se perguntou de onde surgiram os “apóstolos” da nossa atualidade? Como eles foram “consagrados”? Qual a finalidade deste título?
É inerente ao ser humano almejar status quo, posição elevada sobre alguém ou um grupo de pessoas, títulos que os identifique e diferencie dos demais. Obter poder e sentir-se plenamente realizado por estar no topo da cadeia. É como conceber a ideia de um papa. Ainda que digam ter sido Pedro o primeiro “papa” da igreja católica, isso nunca foi provado, e pelas Escrituras Sagradas, não faz nenhum sentido, pois isso também foi criado por homens que querem controlar os demais, governar sobre eles pensando ser a “ponte” entre os homens e Deus e isso é mais uma das tradições criadas pelos homens. Ninguém jamais terá esse lugar, pois somente Um já o tem – Jesus Cristo.
Note se não é assim que os líderes eclesiásticos têm se comportado ao longo da história. E ser “apóstolo” está em alta no meio evangélico por ser o posto mais elevado que o homem pode obter no momento.
Se você observar atentamente as Escrituras, notará que o ministério Apostólico se encerra na era dos Apóstolos. Você não encontra continuidade desse encargo – senão apenas pelos escolhidos por ninguém menos que o próprio Jesus Cristo. Ainda que Ele tivesse muitos discípulos, apenas doze foram chamados e comissionados por Jesus e um abortivo, como ele mesmo se declara, o Apóstolo Paulo, dado aos gentios.
A questão é que estes homens e mulheres que são chamados de “apóstolos e apóstolas”, não tem qualquer fundamentação bíblica. Todo Apóstolo foi um discípulo direto de Jesus, mas nem todo discípulo foi um Apóstolo.
É muita audácia alguém se intitular “apóstolo”, já que os Apóstolos não existem mais.
Para ser um Apóstolo, era preciso algumas identificações. Algumas condições específicas como:
- Ter visto o Senhor Jesus; 1 Co 9:1 / 1 Co 15:8.
- Ter sido escolhido e enviado por Jesus pessoalmente; Lucas 6:13 / João 6:70 / Atos 9:1 / Atos 20:21-22.
- Ter testemunhado Sua ressurreição; Atos 1:22 / 1 Co 15:8-15.
- Ter participado do alicerce da Igreja de Jesus, da qual Ele é a Pedra Angular; 1 Co 3:10 / Efésios 2:20.
É claro que os atuais autointitulados “apóstolos” não possuem tais credencias, por isso, jamais deveriam ser considerados como os Apóstolos, e isso, veremos mais adiante.
QUEM FOI O PRIMEIRO “apóstolo” DEPOIS DOS APÓSTOLOS?
Já teve a curiosidade de pesquisar, de dar um Google para saber quem foi o primeiro “apóstolo empossado” após a era da igreja primitiva? Se sim, certamente não encontrou absolutamente nada, e se não, vou te dizer: Não há registro e nem informação a respeito do “primeiro apóstolo” protestante ou pentecostal ou qualquer outro na história, apenas os chamados “pais apostólicos da igreja católica”, os quais também não possuem credenciais como já mencionado. Então, como apareceram inúmeros “apóstolos” no mundo evangélico e continuam a brotar aos borbotões?
Bem, devo lhe dizer que esta retórica não é nova. Já acontecia na época dos verdadeiros Apóstolos de Cristo. Pessoas querendo ser iguais aos Apóstolos verdadeiros.
Quando alguém possui ou se apodera de algo que não tem direito, isso se chama usurpar. Ou seja, tomar posse do alheio como sendo seu quando não o é. Assumir, avocar e tomar para si algo que não lhe foi conferido. Isso é o que esses homens e mulheres fazem ao se intitularem “apóstolos e apóstolas”, não tendo qualquer respaldo na Palavra de Deus.
Ainda que possa dizer que foi reconhecido por um grupo de pessoas, mesmo que possa afirmar ter recebido uma “unção” de outro intitulado “apóstolo”, ainda assim é uma usurpação, visto que nem tal grupo de pessoas, nem o intitulado “apóstolo”, possuem credenciais para o exercício desta função que foi dada apenas aos Apóstolos de Cristo.
O QUE DIZ DE FATO EFÉSIOS 4:11.
Efésios 4:11 Assim, Ele designou alguns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, 12 com o propósito de aperfeiçoar os santos para a obra do ministério, para que o Corpo de Cristo seja edificado
Este é um texto bastante conhecido e usado pela cristandade pentecostal e neopentecostal – as chamadas “igrejas apostólicas”. A ideia é que estas instituições possuam o chamado “cinco ministérios”, sendo cada um destes um líder em suas denominações.
Leia com muita atenção o texto acima e perceberá que quem designou foi Ele – Jesus. O ministério Apostólico bem como o profético se encerrou com a morte dos Apóstolos. Que fique claro que não estamos nos referindo ao dom de profecias, que é uma outra questão. Mas é possível haver na Igreja de Cristo hoje, pastores (não como os do clero dominante), evangelistas e mestres nos moldes de reuniões como dos primeiros cristãos e não de instituições ou denominações atuais e conforme as orientações humanas.
O final do versículo 12 diz: ….” com o propósito de aperfeiçoar os santos para a obra do ministério, para que o Corpo de Cristo seja edificado”.
O Corpo de Cristo não é constituído de várias denominações com suas divergências teológicas, doutrinárias, dogmáticas e sincretistas como tais instituições sugerem. Sobretudo, ainda mais por serem amplamente discordantes entre si. O Corpo de Cristo se dá com os vários membros, vários irmãos espalhados pelo mundo formando a única Igreja de Cristo da qual a Escritura declara que Ele a Cabeça e único Pastor.
O QUE A ESCRITURA DIZ SOBRE OS “apóstolos”.
2 Coríntios 11:12 O que faço, e seguirei fazendo, tem o objetivo de não dar oportunidade aos que procuram ocasiões de serem considerados iguais a nós nas obras de que se orgulham. 13Porquanto, tais homens são falsos apóstolos, obreiros desonestos, fingindo-se apóstolos de Cristo. 14E essa atitude não é de admirar, pois o próprio Satanás se disfarça de anjo de luz. 15Portanto, não é surpresa alguma que seus serviçais finjam que são servos da justiça. O fim dessas pessoas será de acordo com o que as suas ações merecem.
Como dissemos anteriormente, o querer se passar por Apóstolos de Cristo não é novidade. Já ocorria no tempo de Paulo, o qual enfaticamente repudiou a atitude desses homens que se diziam “apóstolos”, se intitulavam “apóstolos”, mas eram fraudulentos, falsos “apóstolos” e impostores.
Se a Escritura já refutou esses autoproclamados “apóstolos” nessa época, o que mudou? A Bíblia mudou? Esta Palavra só servia para aquela ocasião? De forma alguma! A Escritura está viva e atuante como nos tempos passados e o que era pecado, continua sendo, o que era ofensa, continua sendo, o que era falso, continua sendo e o que era usurpação, continua sendo.
Mateus 7:15 Acautelai-vos quanto aos falsos profetas. Eles se aproximam de vós disfarçados de ovelhas, mas no seu íntimo são como lobos devoradores.
Porque estou zeloso de vós com zelo de Deus; porque vos tenho preparado para vos apresentar como uma virgem pura a um marido, a saber, a Cristo. Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos, e se apartem da simplicidade que há em Cristo.
Percebeu como os eventos se repetem? Já havia falsos profetas e falsos “apóstolos” na época dos primeiros cristãos. Hoje vivemos exatamente as mesmas coisas, basta dar uma zapeada na internet para ver as atrocidades cometidas em “nome do Senhor”.
Paulo faz um alerta em 2 Co 11:2-3. Apresentar a Igreja de Cristo como virgem pura a Jesus. Há um temor expressamente claro para que essa virgem não seja enganada como a serpente enganou a Eva e de alguma forma a mentalidade dessa Igreja seja corrompida e se aparte da simplicidade que há em Cristo.
Este sistema engendrado nas denominações está muito aquém da simplicidade de Cristo. A ostentação por templos e catedrais cada vez maiores e mais luxuosos não combinam com a simplicidade de Cristo. Seus diplomas de teólogos, doutores e mestres com sua empáfia destoam da simplicidade de Cristo. A vida enriquecida, endinheirada e milionária tirada de seus fieis com o pretexto de que “o melhor” é para o Senhor, não combina com a simplicidade de Cristo. Aliás, os líderes enriquecem rapidamente, mas os fiéis permanecem em suas mesmas condições ano após ano. Será que tem algo errado nisso? Avalie você mesmo.
Falsos profetas e falsos “apóstolos” te conduzem ao antagonismo do que é a simplicidade de Cristo.
Muitos irmãos dentro dessas instituições são cristãos sinceros, renascidos de Deus e para Deus, mas podem estar enganados, achando que estão agradando o Senhor, mas recebendo tradições de homens sem talvez terem conferido nas Escrituras o que ela diz sobre essas e tantas outras questões.
Apocalipse 2:2 Conheço as tuas obras, tanto o teu trabalho árduo como a tua perseverança, e que não podes tolerar pessoas más, e que puseste à prova aqueles que a si mesmos se declaram apóstolos mas não são, e descobriste que eram impostores.
Claramente as denominações que tenham tais intitulações jamais vão reconhecer o que Jesus afirma nesse texto em consonância com as cartas de Paulo, sobre homens que se autodeclaram “apóstolos” quando não o são. O fato de não serem reconhecidos e de serem discriminados como falsos, pressupõe que na época de Jesus e dos discípulos já não havia outros ”apóstolos” além dos escolhidos por Jesus.
Novamente peço que você reflita: Como pode haver “apóstolos” em nossos dias quando no momento da existência dos verdadeiros Apóstolos, os que se autodenominavam “apóstolos” foram considerados falsos? “Todavia, os perversos e impostores andarão de mal a pior, enganando e sendo enganados”. 2 Timóteo 3:13.
Quero deixar muito claro que não estamos julgando pessoas, até porque a Bíblia proíbe esta prática. A intensão do coração ou da mente das pessoas, apenas Deus conhece como Ele diz em Jeremias 17:9-10. “Ora, não há nada mais enganoso e irremediável do que o coração humano, e sua doença é incurável. Quem é capaz de compreendê-lo?”
“Eu, Yahweh, o SENHOR, sondo profundamente o coração e examino a mente dos homens, a fim de entender cada pessoa de acordo com a sua atitude, conforme as suas obras!.” Mas, a Palavra nos instrui a julgar as ações e atitudes dos que são crentes. 1 Coríntios 5:12 “Pois, como haveria eu de julgar os que estão fora da igreja? Todavia, não deveis vós julgar os que são de dentro?”
Há muitos líderes que não aceitarão que alguém questione suas atitudes, suas obras e, ai de você um reles leigo colocar à prova as ações destes “apóstolos”. Mas não foi assim que o verdadeiro Apóstolo Paulo ensinou. Veja: 1 Coríntios10:15 “Falo isso a pessoas sensatas; julgai vós mesmos o que estou afirmando.
Se o próprio Apóstolo Paulo pede para que seus ouvintes julguem o que ele estava falando, porque os ditos “apóstolos” desses dias não aceitam que se julgue suas ações? Este questionamento que fazemos é intrinsicamente contrapondo as Escrituras com suas atitudes e comportamentos, começando pela “unção apostólica”, da qual já vimos que não há registro nas Escrituras de que alguém tenha sido eleito para dar continuidade a este ministério, o qual o nosso Senhor Jesus comissionou os doze e depois a Paulo, encerrando nele o Apostolado.
Bem, as Escrituras nos dão argumentos suficientes para que seja posto à prova tais denominações ditas “apostólicas” e muitos ensinos divergentes da Palavra de Deus, como confissão positivista, o determinismo, evangelho da prosperidade entre outros. Sobretudo, cabe a você retornar ao cristianismo raiz e estudar como a Igreja de Cristo se reúne somente ao Nome do Senhor, tendo como base os ensinos de Jesus e a perseverança na doutrina dos Apóstolos.
Deus continue te abençoando e esclarecendo as verdades do Seu Reino.

2 Comentários
[…] – Líderes que se intitulam “apóstolos”, contudo, eles não existem mais nos dias atuais e o último eleito pelo próprio Cristo foi Paulo, […]
Fato, não há menção nas Escrituras sobre novos apóstolos.