“A Páscoa dos judeus estava se aproximando, e Jesus subiu para Jerusalém. Encontrou no templo os que vendiam bois, ovelhas e pombas, e cambistas assentados negociando; tendo feito um chicote de cordas, expulsou todos do templo, bem como as ovelhas e os bois, espalhou pelo chão o dinheiro dos cambistas e virou as mesas; e disse aos que vendiam as pombas: “Tirai essas coisas daqui; não façais da casa de meu Pai, casa de comércio.” João 2:13-16
Desde as primeiras construções de templos até os dias atuais, suas concepções foram deveras alteradas. Ao longo dos tempos foram modernizando suas “igrejas” e o que uma traz de inovação as demais acompanham com algumas modificações aqui e acolá. Não importa o tamanho, haverá uma cantina modesta em um templo pequeno, ou um espaço gourmet grande e refinado para acomodar boa parte dos fiéis. Terá lojinha de roupas, souvenirs e livrarias, entre outros espaços que você confere nas chamadas “churchs”.






É curioso que ao ler o texto de João 2:13-16, muitas pessoas associam-no apenas aos dias de Jesus, como se esse fato somente tivesse ocorrido naquela época. Repare bem no texto e substitua as personagens por algumas formas de vendas conhecidas nos templos atuais, como por exemplo: ao invés de bois, ovelhas e pombas, hoje são vendidos toalhinhas ungidas, água do rio Jordão, óleo ungido de Israel. Cambistas negociavam, hoje, líderes negociam a fé em troca de dízimos, de ofertas em projetos institucionais e campanhas da benção, da cura, da casa, do carro etc. Jesus disse para não fazerem da casa de Seu Pai, casa de comércio. (Lembrando que este foi o único templo construído com a permissão do Seu Pai).
Parece que a fala de Jesus não afeta os líderes atuais, já que transformaram suas instituições em comércio de produtos e serviços religiosos. Bem, considerando que o templo de Jerusalém foi o único construído com o aval de Deus e chamado casa de Deus, os demais não o são. Então, comercializar produtos e serviços religiosos não há qualquer problema, não é mesmo? Exceto pelo fato de que você é o engodado na história, ou seja, você é a alma do negócio.
Você já ouviu a expressão que diz: Tudo é marketing ou ainda marketing é tudo?
Àqueles que possuem um negócio, uma empresa, um comércio, sabem que boas estratégias de marketing são grande parte do caminho, senão o caminho para se obter lucros e sucesso em sua marca.
É a arte de criar e explorar produtos e serviços que gerem interesse e satisfaçam as necessidades de um mercado-alvo, ou seja, satisfazer as necessidades de seus consumidores, visando obviamente – lucro, que é a sobrevivência de toda e qualquer empresa ou instituição, sem o qual, as empresas e instituições fecham suas portas. Em outras palavras, elas não existiriam.
Segundo o dicionário Oxford Languages, marketing é: estratégia empresarial de otimização de lucros por meio da adequação da produção e oferta de mercadorias ou serviços às necessidades e preferências dos consumidores, recorrendo a pesquisas de mercado, design, campanhas publicitárias, atendimentos pós-venda etc.
Esta pequena introdução é para que você reflita incialmente, que qualquer coincidência das chamadas empresas seculares versus instituições evangélicas são idênticas, até porque, muitos líderes institucionais passaram por empresas seculares e os que não tiveram carreira em empresas, facilmente aprendem com os outros líderes ou contratam profissionais que exerçam suas publicidades.
De uns bons anos para cá, a autopromoção da denominação atrelada à imagem pessoal do líder, tem ganhado espaço fortemente amplo com o auxílio das redes e de profissionais da área de marketing.
O cristianismoraiz©, a mensagem pura do evangelho mudou de confrontação ao pecado para acomodar o mesmo em seus templos, atendendo necessidades e preferências de fieis com o chamado “evangelho integrativo”. Este tipo de evangelho é influenciado por uma linha divisória, ainda que tácita e não declarada, em que os profissionais da saúde (médicos) cuidam do corpo; os “pastores cuidam da parte espiritual” e os psicólogos, psiquiátras e terapeutas, “cuidam da alma” do crente. Pesquisas de mercado são elaboradas para saber quais os gostos e predileções do crente moderno. O humanismo entrando sorrateiramente e ganhando espaço através de ideologias que são contrárias as Escrituras, mas enchem os templos com seus simpatizantes. O feminismo que se alastrou nas instituições com as chamadas “unção” de mulheres ao clero.
Os templos tiveram alterações significativas desde suas concepções mais antigas com relação aos templos e galpões modernizados de hoje, como por exemplo, estacionamento privativo ao clero, entrada independente ao templo, área vip, espaço gourmet, área de lazer, quadras poliesportivas, lojinhas e etc. Tudo isso para que o fiel se sinta a vontade e permaneça o maior tempo possível nas dependências da instituição e contribua como um associado, não somente adquirindo ingressos vips em alguns casos, mas também contribuindo com dízimos e investindo em toda sorte de projetos que a denominação pretender realizar.
COMPARATIVO DE ENTRE EMPRESAS E INSTITUIÇÕES EVANGÉLICAS
| EMPRESA SECULAR | INSTITUIÇÃO EVANGÉLICA |
| Fundador/presidente | Fundador/presidente |
| Diretoria | Diretoria |
| Gerente/líderes | Líderes de departamentos |
| Colaboradores | Voluntários |
| Produtos/serviços | Produtos/projetos/assistencialismo |
| Consumidores | Consumidores/membros/fiéis |
Como você pode perceber, não há diferença entre uma instituição e outra, sob o olhar da estrutura empresarial ou organizacional.
Do ponto de vista de produto ou serviço, talvez você pense que possa haver alguma diferença, mas eu lhe digo que não há. Uma produz e entrega produto ou serviço que atende a necessidade física e/ou emocional de seu consumidor. A outra (evangélica), entrega produto e serviço através de seus vários projetos que visa atender a necessidade física, emocional e espiritual de seu público-alvo, os crentes.
Pode parecer absurdo pensar numa instituição dessa forma num primeiro momento, mas lhe convido a fazer um exercício mental agora, e reparar se há ou não marketing, propaganda dos eventos, de reuniões, projetos, passeios, retiros, doações, venda de livros próprios ou de terceiros e o que mais houver na denominação que você frequenta (caso esteja em alguma ainda).
QUAIS PRODUTOS E SERVIÇOS AS INSTITUIÇÕES EVANGÉLICAS BUSCAM ENTREGAR?
Abaixo, vamos listar apenas alguns itens:
- Instalações confortáveis e amplas;
- Cargos de liderança a alguns poucos;
- Voluntariado e participações em departamentos;
- Projetos custeados normalmente pelo povo, os crentes;
- Venda de livros, apostilas e cursos;
- Venda de roupas e souvenirs, etc..
Estes são alguns exemplos da busca de entrega das instituições evangélicas de modo geral, guardadas as proporções e particularidades de uma ou outra.
Para que essas coisas aconteçam, é imprescindível o uso de estratégia de marketing e ainda mais nos dias atuais, com a utilização de redes sociais e canais para divulgação da instituição, de sua marca com o intuito de atingir o maior número possível de consumidores, fieis ou público-alvo. E isso também gera custo para impulsionar matérias e vídeos, patrocinar, tráfego pago etc..
“NOSSO PRODUTO É O EVANGELHO”

Novamente pode parecer absurda a ideia de pensar no evangelho de Cristo como um produto não é mesmo? Contudo, é o que os líderes modernos e suas instituições fazem. Elas utilizam logotipos (marcas), programas de rádios, Tv’s, Youtube, Instagram, criam reuniões com temáticas específicas para atrair e chamar a atenção do público e até seguem modelo de lideranças internacionais.
Imagine a seguinte cena: O que você acha de um aluno que “cola” na prova que ele deveria estudar e conhecer o assunto? Certamente, você não aprovaria tal atitude, correto?
Bem, talvez seja do seu conhecimento, que circula pelas redes sociais, pastores que vendem esboços de sermões com o seguinte apelo: “se você pastor, não tem tempo para estudar a bíblia, está muito atarefado ou sem inspiração, clique no link e adquira por um preço muito barato minhas pregações com os mais variados temas para você pregar em sua denominação”. Se você não aceita a atitude do aluno que cola na prova escolar, aceitaria um pastor que cola o sermão de outro? Julgue você mesmo.
Nessa esteira temos ainda a Inteligência Artificial (IA) que atua num papel superior ao da compra de esboços, ou seja, a pessoa coloca o tema que quer e a IA monta todo o sermão em segundos e aí fica fácil pregar, ou, eu diria, discursar tão somente. Como alguém pode conceber que uma compilação de diversas ideias de uma máquina possa orientar e direcionar espiritualmente as pessoas de sua instituição? É Artificial, e não, Espiritual, como o nome sugere e digo isso, poque certamente uma boa parte desses pastores sem tempo, não se darão o trabalho de estudar e nem tampouco checar as fontes da (IA). Há uma gigantesca diferença entre um e outro e não preciso discorrer sobre tais diferenças, pois são por si só identificáveis, embora não podemos negar que este é o futuro que já está presente no dia a dia de muitos, e sem dúvidas um facilitador, porém, não se pode apenas pedir a IA, é preciso colocar à prova, checar as fontes e submeter ao Senhor tal sermão. Mas posso acrescentar quer há muitos simulando “unção”, falando e fazendo coisas que Deus não disse para fazer e com essas atitudes, muitos são enganados.
Para onde estou caminhando como instituição?
Bom, se você reparou no tema deste artigo, a esta altura já consegue imaginar que o alvo, ou a “alma do negócio” é você! Sem você não haveria motivos ou razões para se fazer propagandas dos eventos da instituição.
Permita-me mencionar a frase de uma filósofa por nome Zoraide Franco que diz: “a propaganda é a alma do negócio”. É uma expressão popular objetivando que a divulgação dos produtos e serviços é fundamental para que uma empresa tenha sucesso. Então, você entende porque as instituições denominacionais precisam fazer propaganda de seus nomes, suas marcas, seus projetos, de seus líderes etc.?
Veja a declaração de Ricardo Gouvêa, ministro presbiteriano e professor de Teologia e Filosofia da Universidade Mackenzie: “a prática desse conceito de “mkt” não está de acordo com a missão do Evangelho: “Uma igreja que utiliza estratégias de marketing, assim como outras estratégias comuns, advindas dos estudos de competitividade nas chamadas ‘ciências organizacionais’, está se comportando como qualquer outra organização que visa o sucesso e o lucro. Uma igreja, contudo, não é uma organização como qualquer outra. Sua singularidade impede que ela adote posturas culturais que vão contra sua natureza intrínseca de agência proclamadora do evangelho de Cristo”
(A fala do professor tem total conexão com este artigo, entre outros em meu blog, embora eu não concorde com o modelo instituição, seja ele qual for, até mesmo a do professor).
Atualmente, há os mais variados tipos de “pastores” fazendo performances e estripulias, gritam, criam personagens para atrair o maior número de fiéis à sua instituição. Distante do que as Escrituras ensinam, que é – depender do Espírito Santo, ser moderado, manso, compassivo e etc.., há personagens nos palcos dos templos fazendo stand-up gospel, Coach’s, outros que se valem da PNL (programação neurolinguistica), outros que impostam a voz e gritam o tempo todo como quem está com “raiva” aparentando “pseuda autoridade”, sendo uma forma de atrair a atenção de seus leigos e há os que literalmente rodopiam como peão, os que pulam em volta de todo o templo, os que insistem em derrubar as pessoas e tantas outras situações que você pode constatar nesses dias, sem contar escândalos, corrupções etc.
A Palavra de Cristo não necessita de adornos na apresentação de Sua mensagem. “O evangelho deve ser apresentado como ele é, sem penduricalhos. Ele não necessita de enfeites e atrativos, pois é a mensagem mais impactante que um ser humano pode ouvir ou proclamar, uma mensagem revolucionária não apenas para a vida do indivíduo, mas também para a vida da sociedade”.
Não podemos achar que dentro destas denominações não existam cristãos sinceros, pois certamente existe. Contudo, estão sendo enganados por vãs filosofias, sutilezas e conveniências de líderes ávidos por crescerem e expandirem os “seus ministérios”, a sua dinastia, os seus impérios e obterem fama. Não obstante, cabe a estes irmãos despertarem para a busca do conhecimento da Palavra de Deus e revelação do Espírito Santo como está escrito em Oseias 6:3a – Então conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor;… e em João 8:32 “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” Não é conhecer teologia dos homens, pois cada instituição tem a sua própria teologia, mas é conhecer ao SENHOR JESUS, a fim de que sejam descamados seus olhos, destapados seus ouvidos e seus corações (mentes) convertidos e congregados somente ao Nome do Senhor Jesus Cristo.
Na contramão das instituições, Jesus não fazia alarde. Inclusive, em muitos episódios, Ele diz às pessoas que eram curadas para não falarem a ninguém, porém, elas falavam e o Mestre cada vez mais ia sendo conhecido na região. Por conta de seus discípulos que também não fizeram marketing, mas transmitiram genuinamente o evangelho anunciado a todos da vizinhança, de outros povoados e países, chegando até nós. É lastimável que nos séculos seguintes à morte dos apóstolos o cristianismo tenha permitido misturar-se com ritos e sincretismos pagãos, desvirtuando a essência da sola scriptura. Embora os líderes das instituições falem que seguem apenas as Escrituras, suas práticas acabam não se confirmando com a fala, pois muitas questões que sim, estão na bíblia, mas já não fazem parte da doutrina dos apóstolos, a qual devemos perseverar.
USO DE REDES SOCIAIS
Uso maciço por muitas instituições

Você poderá perguntar: – mas não podemos utilizar a internet para divulgar a Cristo? Claro que sim, mas é a Cristo e somente a Ele. Não utilizar Seu Nome para promoção pessoal ou institucional, que é o que vemos em suas reuniões, como também, nas mídias. Autoproclamação em nome de Deus.
É urgente a necessidade de retornar ao cristianismoraiz©, sem mistura de homens, pois a inerrante Palavra de Deus é suficiente para todo o homem e para o homem todo!
Confira o texto de 2 Timóteo 3:16, que diz: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e proveitosa para ministrar a verdade, para repreender o mal, para corrigir os erros e para ensinar a maneira certa de viver; 17 a fim de que todo homem de Deus tenha capacidade e pleno preparo para realizar todas as boas ações”.
Note que a Escritura é quem ministra a verdade. Ela foi inspirada por Deus, mas se você não a conhecer, poderá facilmente ser ludibriado por qualquer homem/mulher. Muitos líderes institucionais ensinam o erro aos seus membros, mas somente a Escritura ensina a maneira certa de viver. Novamente eu digo, se você a conhecer, não será presa fácil de lobos vorazes. Somente a Escritura te capacita e te prepara para realizar todas, note que ela diz – todas as boas ações. Se você conhecer as Escrituras e a estudar com a orientação e direção do Espírito Santo, não será aldrabado por ninguém, pois a verdade da Palavra te liberta e você jamais irá querer estar debaixo de jugo de outro ser humano, ainda que com alguma “patente” pois somente o jugo do Senhor Jesus é leve e Seu fardo é suave.
Tente refletir sobre o que leu sem sentimentalismo emocional. Antes, seja como o povo de berea que conferia nas Escrituras tudo o que era falado. Confronte você mesmo a igreja de Atos dos Apóstolos com as denominações vigentes e veja se há alguma semelhança por menor que seja.
Agora é contigo!
Continuar na instituição sendo você o marketing ou fazendo parte dele; ou ser um desinstitucionalizado e se reunir somente ao Nome do Senhor Jesus aos moldes dos nossos primeiros irmãos – os apóstolos.
Deus continue te abençoando e dando entendimento para as verdades da Sua Palavra.
